quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ingrid Betancourt - Não Há silêncio que não termine

Mais uma importante dica de literatura, é um tipo de livro que me interessa demais, auto biografia, Ingrid Betancourt ficou mais de seis anos presa em uma floresta colombiana sob vigilância das Farc, era uma refém muito valiosa, pois a condição de ex-candidata presidencial e sua naturalidade francesa davam muitas condições aos terroristas, este período de sofrimento, repreensão, humilhação, e sob condições extremas da vida selvagem ao seu redor ao tempo todo, rendeu mais de 500 paginas de manuscritos e que renderam agora dois anos depois de seu resgate pela operação de inteligência militar, um livro.
O acampamento entrava numa atividade febril. Uns checavam os nós de suas barracas, outros iam correndo recolher a roupa que secava num quadrado ensolarado, alguns, mais previdentes, iam aos chontos, para o caso de a tempestade se prolongar. Eu olhava para aquela agitação com um nó na barriga de tanta angústia, rezando para que Deus me desse forças para ir até o fim. "Esta noite estarei livre." Repetia essa frase sem parar, para não pensar no medo que retesava meus músculos e os esvaziava de sangue, enquanto fazia a muito custo os gestos mil vezes previstos em minhas horas de insônia: esperar que anoitecesse para construir o boneco, dobrar o grande plástico preto e enfiá-lo dentro da bota, abrir o pequeno plástico cinza que me serviria de poncho impermeável, verificar se minha companheira estava pronta. Esperar que a tempestade caísse
Trecho do livro "Não há silêncio que não termine: Meus anos de cativeiro na selva colombiana", de Ingrid Betancourt. Companhia das Letras, 2010
Acredito no diálogo como melhor opção, mas para dialogar é preciso que existam duas partes. E o que creio hoje é que as Farc não têm interesse em diálogo. Eles se transformaram e deixaram de ser uma organização com ideais políticos. São uma organização armada, com uma hierarquia cujo objetivo é manter seu modus operandi, sua maneira de viver
Ingrid Betancourt, ex-candidata presidencial que passou seis anos como refém das Farc, em entrevista ao UOL Notícias